Quarto de Ishtar

Relembrando a primeira mensagem :

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*Pegou o guardanapo das mãos dela, e lambeu dentre os dedos antes de usá-lo para limpar as mãos*
— Muito bem, o que quer saber primeiro?

*Ele fez menção de um riso*
— Provém de algo bem mais simples que isso. Lembra de quando falei que cheirava a morango por estar em contato com este tipo de geleia várias vezes aos dias? Esse cheiro de sangue não é diferente.
*Sua mãos escorregaram até o frasco de geleia e ele o utilizou como uma taça;sorvendo o líquido viscoso pelo borde do frasco*
—Sou um Serial Killer. Me divertia nos pontos mais famosos dos Estados Unidos. Provavelmente...— fez uma curta pausa, estalando a língua.— Se as pessoas daqui assistissem à televisão, iriam me reconhecer na hora. Agora... Os motivos que me levaram a ser um assassino já são bem mais complexos...— disse com tranquilidade, como se estivesse contando algo tão comum quanto a histórias de ninar.

*A ouviu com atenção enquanto colocava o frasco vazio de geleia encima da mesinha de cabeceira. Esticou-se um pouco para que pudesse alcançar a xícara de café que ainda fumegava e a segurou pela asa, pondo-a próxima ao rosto*
— Só quero que entenda que não sou louco. Minha mente ainda usa os princípios lógicos com perfeição, pelo que eu saiba.— impôs ele, antes de começar.— Porém, para explicar esse fato, eu teria que contar desde a minha infância para cá e acho que isso não seria muito... Agradável.
*Ergueu suavemente as sobrancelhas*
— Há tantas coisas que passaríamos o resto da noite em claro. Sendo assim, eu acho que posso resumir que isso ocorreu por... Hm... Raiva.— disse, embora estivesse inseguro de que essa seria a palavra certa a se usar.— Há uma pessoa que eu quero atingir com isso. E claro, às vezes me serve de um bom passa-tempo.

*O toque dela o surpreendeu e ele fez menção de afastar a mão, mas parou, deixando-a no mesmo lugar. Era como se aquilo fosse algo totalmente novo para ele*
— Obrigado... E você, ainda tem mais alguma curiosidade?

*Baixou os olhos e tornou sua expressão reflexiva*
— Eu estou pensando sobre isso... Sabe, eu não vim parar aqui porque quis. — explicou num tom mais baixo que o seu habitual e coçou a cabeça.— Mas, quem sabe... Creio que ainda vou demorar bastante por aqui até que esteja livre para sair. Você vai ter tempo de me conhecer, assim como eu vou ter tempo para estudar cada um daqui.
*Franziu o cenho*
— Seres sobre-humanos são tão... Hilários.
*Voltou o foco da visão para ela, piscando os olhos algumas vezes*
— E acho que é a sua vez, Ishtar...

*A acompanhava com o olhar, colocando-se a ouvir atentamente o que ela dizia. Quando ela finalmente chegou ao ponto que ele queria, saber a qual raça ela pertencia, ele arqueou as sobrancelhas, surpreso*
— Eh?
*Fez-se um momento de pausa, até que ele continuasse:*
— ... Sabe que... pela sua aparência, eu não duvido que isso seja verdade... — aquilo não soou como um elogio, embora restasse ainda beirasse entre um.— Então... Talvez... Eu devesse pedir desculpas pelo que disse antes a respeito do seu mestre.
*Ele não pareceu confortável ao mencionar aquilo, tampouco parecia estar afim de dar uma desculpa mais digna que aquela*
— Se é que segue a história que estou pensando, não é?

— Então não é.— disse, quebrando a hipótese de seguir o pouco de conhecimento que tinha sobre religião.— Sete céus... Deus dormindo, anjos guerreiros...? Isso tudo é tão estranho e... Bem mais interessante do que eu imaginava.
*Ele se lembrou do café, e então tomou um pequeno gole, antes de continuar*
— E de quem é a batalha? Demônios e anjos? — indagou, mas não se conteve e continuou:— E deixou de uma querubim porque...?
*Franziu o cenho, parecendo perceber o interrogatório que estava fazendo e meneou a cabeça em reprovação*
— Oh, desculpe se estou me mostrando intrometido e curioso demais...

— Uma guerra entre anjos?
*Ele pareceu incrivelmente surpreso por uma fração de segundos*
— Sem dúvida, muito complicado... Mas então...
*Tomou o restante do café em poucos goles e voltou-se à Ishtar*
— Deixe-me tentar adivinhar, foi banida porque se opôs a Miguel?

*Ele fez um gesto de pausa para si mesmo com as mãos. Qualquer um ser humano que se preze estaria ao menos receoso ao ouvir aquela história, mas B estava mais interessado do que se imaginava e fazia questão de tirar mais informações dela do que ela fizera com ele*
— Se opôs a ele, entretanto... Acabou fazendo o que ele queria, diga-se assim de passagem. É, complicado... Mas...
*Franziu o cenho*
— Houve algum motivo em particular para você matar esse humano? Digo, alguma coisa que fez você querer... Levianamente matá-lo?

*Ele percebeu o rubor nas bochechas dela, mas se mostrou indiferente em relação aquilo, mantendo-se impassível, também, quando ela contou o motivo daquilo*
— Eu entendo... Mas...
*Abrira a boca com a mórbida intenção de pedir detalhes de quando ela matara seu amado, mas achou que, para ela, causaria-lhe uma má impressão e isso era o que ele menos queria ter em relação aos seres sobre-humanos daquele lugar. Murmurou um "esqueça" e desviou o olhar*
— Deve ter sido bem difícil para você... Minhas condolências, se é que isso serve de alguma coisa...

— Deu para notar que você já viveu bastante tempo... Mesmo tendo as necessidades físicas, você não envelhece, eh...
*Suas palavras soaram como uma pergunta, embora ele não fizesse questão de uma resposta*
— Entendo. Devem ter sido tempos horríveis...
*Aquela não era sua real opinião, ele apenas comentou numa tentativa vã de se mostrar comovido. Realmente não pegava jeito com emoções...*
— E o que a fez parar com essa matança, Ishtar?— indagou, curioso, voltando o foco do olhar para ela.

*Ergueu as sobrancelhas num sinal de compreensão e espalmou as mãos calmamente para ela em seguida*
— Só estava tentando ser um pouco mais sensível, talvez. Mas já que você pode perceber, tudo bem, eu vou parar com isso.
*Fechou brevemente os olhos, coçando a testa debaixo da franja*
— E eu não insinuei nada, só... fiz uma pergunta. Eu entendo muito bem, já tive experiências dessas.